segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Terapia com auxílio de cavalo ajuda crianças com problemas neurológicos

Projeto de Equoterapia da Unisul, em parceria com o Pró-PET, do governo federal, já atendeu 380 pacientes desde 2012, e resultados superam as expectativas
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Cercado de natureza e experiências sensoriais, o tratamento mais parece uma brincadeira ou um dia de lazer no campo. Mas os objetivos dessa atividade vão muito além da diversão. Ela ajuda a diminuir sintomas de doenças como paralisia cerebral e Síndrome de Down. Tudo isso graças ao auxílio de um cavalo. É dessa forma que a equoterapia tem encontrado recuperação de crianças com problemas neurológicos. No projeto, desenvolvido pela Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) em parceria com o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (Pró-PET-Saúde), milhares de famílias renovam suas esperanças.
Vitória nasceu com pouco mais de sete meses. Um parto prematuro e complicações fizeram dela uma menina ainda mais especial do que já era considerada pela família. Ela nasceu com paralisia cerebral, doença que prejudicava inteiramente seus movimentos da cintura para baixo. “Fui ao hospital e eu lembro que um ultrassom no dia do parto mostrou que ela teve um probleminha no cérebro. Mas na época eu nem entendi muito bem. Foi a primeira vez que eu ouvia aquilo, acho que não entendi na época o que queria dizer realmente”, confessa a mãe, a ex-funcionária pública Franciele Franceska Barbosa.
Pouco depois, quando Vitória já tinha cerca de quatro meses, a família começou a perceber do que se tratava o apontamento do médico no dia do último ultrassom. “Vimos que ela realmente estava estranha. Tinha dificuldades para se mover. Aí decidimos procurar um especialista”, lembra. Franciele levou a pequena Vitória para a Fundação Catarinense de Educação Especial, em Florianópolis, de onde teve finalmente o diagnóstico. “Quando a técnica me falou, eu não acreditei. Ela falou de uma maneira tão seca e eu fiquei tão nervosa, achei tão absurdo, que tive uma crise de riso. Saí de lá assim. Quando eu entrei no ônibus, eu li o laudo, e só aí as fichas caíram, era mesmo a minha filha, e ela tinha mesmo o que a moça tinha dito”, narra. 
Na ocasião com pouco mais de 20 anos e funcionária pública municipal em Santo Amaro da Imperatriz, a jovem não pensou duas vezes. Largou tudo e decidiu dedicar seus dias à vida da filha. “Na única vez em que fui trabalhar depois de saber da condição da Vitória, me lamentei com uma amiga e ela me indicou um projeto de fisioterapia da Unisul, que segundo ela seria muito bacana para minha filha. Eu não pensei duas vezes. Corri para a universidade atrás de ajuda”, revela. 
De lá para cá, foram mais de três anos. Vitória, agora com quatro anos de idade, nada tem a ver com o quadro de uma criança imóvel. A pequena tem impulso, desenvolveu a força nas pernas, já consegue engatinhar e até arrisca uns passos com o auxílio da fisioterapeuta – e segundo a mãe, isso tudo também é graças à égua Sara. “Buscamos ajuda em todas as formas de fisioterapia e tratamento. Mas foi mesmo através da equoterapia que a Vitória começou a desenvolver postura, ganhar força nas pernas e mobilidade”, avalia a mãe.
Para a mãe, que admite ter se assustado com o diagnóstico, a equoterapia foi um empurrãozinho a mais rumo à esperança de melhorias para a menina. “Eu vi, com a ajuda dos fisioterapeutas e neurologistas, que a Vitória tem plenas condições de andar. E tenho certeza de que com todo o cuidado e assistência que ela recebe dos profissionais, ela vai andar sozinha em pouco tempo”, afirma.
Fisioterapeuta na Unisul e professor responsável pela implantação do projeto na universidade, Júlio César Araújo conta que a equoterapia é uma grande aliada no atendimento neuropediátrico. “Essa terapia nos permite o tratamento de modalidades psicossociologias, neurológicas e até mesmo emocionais. Ocorrendo em contato com a natureza e o meio ambiente, como associado, permite estimular o relaxamento, que é um forte aliado na melhora dos quadros”, aponta.
Ainda de acordo com ele, é comum o tratamento superar as expectativas, já que a evolução dos quadros é percebida de uma sessão para a outra. “Fazemos um acompanhamento de cada paciente, mas a evolução mesmo nós só conseguimos mensurar de uma sessão para a outra. O tratamento proporciona melhoras pontuais, mas em algumas sessões a gente percebe uma evolução ainda maior”, esclarece.
Desde 2012, o Projeto de Equoterapia da Unisul já realizou mais de 3,8 mil atendimentos, para cerca de 380 pacientes. Os atendimentos ocorrem nas dependências do CTG Os Praianos, em São José, nas quartas-feiras, das 14h às 17h. As inscrições acontecem todos os anos, próximo ao mês de março. Cada criança que busca atendimento é avaliada por profissionais de diversas áreas, como assistente social, médico, fisioterapeuta e psicólogo. O Projeto de Equoterapia Unisul respeita as orientações da ANDE-Brasil, órgão máximo da equoterapia no país.

Fonte Palhocense.com.br Fabiane Berlese

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