Projeto de Equoterapia da Unisul, em parceria com o Pró-PET, do governo
federal, já atendeu 380 pacientes desde 2012, e resultados superam as
expectativas
Cercado
de natureza e experiências sensoriais, o tratamento mais parece uma
brincadeira ou um dia de lazer no campo. Mas os objetivos dessa
atividade vão muito além da diversão. Ela ajuda a diminuir sintomas de
doenças como paralisia cerebral e Síndrome de Down. Tudo isso graças ao
auxílio de um cavalo. É dessa forma que a equoterapia tem encontrado
recuperação de crianças com problemas neurológicos. No projeto,
desenvolvido pela Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) em
parceria com o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde
(Pró-PET-Saúde), milhares de famílias renovam suas esperanças.
Vitória
nasceu com pouco mais de sete meses. Um parto prematuro e complicações
fizeram dela uma menina ainda mais especial do que já era considerada
pela família. Ela nasceu com paralisia cerebral, doença que prejudicava
inteiramente seus movimentos da cintura para baixo. “Fui ao hospital e
eu lembro que um ultrassom no dia do parto mostrou que ela teve um
probleminha no cérebro. Mas na época eu nem entendi muito bem. Foi a
primeira vez que eu ouvia aquilo, acho que não entendi na época o que
queria dizer realmente”, confessa a mãe, a ex-funcionária pública
Franciele Franceska Barbosa.
Pouco
depois, quando Vitória já tinha cerca de quatro meses, a família
começou a perceber do que se tratava o apontamento do médico no dia do
último ultrassom. “Vimos que ela realmente estava estranha. Tinha
dificuldades para se mover. Aí decidimos procurar um especialista”,
lembra. Franciele levou a pequena Vitória para a Fundação Catarinense de
Educação Especial, em Florianópolis, de onde teve finalmente o
diagnóstico. “Quando a técnica me falou, eu não acreditei. Ela falou de
uma maneira tão seca e eu fiquei tão nervosa, achei tão absurdo, que
tive uma crise de riso. Saí de lá assim. Quando eu entrei no ônibus, eu
li o laudo, e só aí as fichas caíram, era mesmo a minha filha, e ela
tinha mesmo o que a moça tinha dito”, narra.
Na
ocasião com pouco mais de 20 anos e funcionária pública municipal em
Santo Amaro da Imperatriz, a jovem não pensou duas vezes. Largou tudo e
decidiu dedicar seus dias à vida da filha. “Na única vez em que fui
trabalhar depois de saber da condição da Vitória, me lamentei com uma
amiga e ela me indicou um projeto de fisioterapia da Unisul, que segundo
ela seria muito bacana para minha filha. Eu não pensei duas vezes.
Corri para a universidade atrás de ajuda”, revela.
De
lá para cá, foram mais de três anos. Vitória, agora com quatro anos de
idade, nada tem a ver com o quadro de uma criança imóvel. A pequena tem
impulso, desenvolveu a força nas pernas, já consegue engatinhar e até
arrisca uns passos com o auxílio da fisioterapeuta – e segundo a mãe,
isso tudo também é graças à égua Sara. “Buscamos ajuda em todas as
formas de fisioterapia e tratamento. Mas foi mesmo através da
equoterapia que a Vitória começou a desenvolver postura, ganhar força
nas pernas e mobilidade”, avalia a mãe.
Para
a mãe, que admite ter se assustado com o diagnóstico, a equoterapia foi
um empurrãozinho a mais rumo à esperança de melhorias para a menina.
“Eu vi, com a ajuda dos fisioterapeutas e neurologistas, que a Vitória
tem plenas condições de andar. E tenho certeza de que com todo o cuidado
e assistência que ela recebe dos profissionais, ela vai andar sozinha
em pouco tempo”, afirma.
Fisioterapeuta
na Unisul e professor responsável pela implantação do projeto na
universidade, Júlio César Araújo conta que a equoterapia é uma grande
aliada no atendimento neuropediátrico. “Essa terapia nos permite o
tratamento de modalidades psicossociologias, neurológicas e até mesmo
emocionais. Ocorrendo em contato com a natureza e o meio ambiente, como
associado, permite estimular o relaxamento, que é um forte aliado na
melhora dos quadros”, aponta.
Ainda
de acordo com ele, é comum o tratamento superar as expectativas, já que
a evolução dos quadros é percebida de uma sessão para a outra. “Fazemos
um acompanhamento de cada paciente, mas a evolução mesmo nós só
conseguimos mensurar de uma sessão para a outra. O tratamento
proporciona melhoras pontuais, mas em algumas sessões a gente percebe
uma evolução ainda maior”, esclarece.
Desde
2012, o Projeto de Equoterapia da Unisul já realizou mais de 3,8 mil
atendimentos, para cerca de 380 pacientes. Os atendimentos ocorrem nas
dependências do CTG Os Praianos, em São José, nas quartas-feiras, das
14h às 17h. As inscrições acontecem todos os anos, próximo ao mês de
março. Cada criança que busca atendimento é avaliada por profissionais
de diversas áreas, como assistente social, médico, fisioterapeuta e
psicólogo. O Projeto de Equoterapia Unisul respeita as orientações da
ANDE-Brasil, órgão máximo da equoterapia no país.
Fonte Palhocense.com.br Fabiane Berlese
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